A arte como extensão do amor

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Na vida do jovem Weber Souza, 27 anos, a pintura é um elemento essencial. É através dela que ele observa os detalhes do cotidiano. Detalhes estes que muitas vezes passam desapercebidos aos olhos da maioria das pessoas. Olhar de artista, que mira, qual águia, a sua presa. Para além do mero romantismo artístico, seu trabalho busca abrir fronteiras, fundar novos mundos, deixar suas digitais na fugacidade de cada instante vivido. É a partir dessa trincheira que ele conversou com a reportagem da Revista Elitte.
Nascido em Brasília, o pintor, filho do casal José Paulo Vieira de Souza e da lavrense Maria Regina de Souza, e irmão de Edson Guilherme de Souza, teve sua infância dividida entre a Capital Federal, com seus blocos, ruas e os monumentos planejados no concreto armado de Oscar Niemeyer, e as férias passadas no clima pastoril da zona rural de Lavras. Weber se lembra da casa simples e acolhedora da avó, na roça, onde vivenciava esses momentos. A natureza, os passeios na beira do rio, a cachoeira e os jogos de bola, tudo contrastava com o ritmo planejado da cidade geométrica do arquiteto carioca. Neste momento, a simplicidade da casa da avó imperava em sua imaginação e seus sentidos. A família se fixaria em Lavras definitivamente em 2012.


Quebrar barreiras


Prestes a se formar no curso de Engenharia de Automação da Universidade Federal de Lavras (Ufla), o artista conta que a vocação para criar começou na infância, quando inventava seus próprios brinquedos. Era uma forma de marcar sua presença no mundo.

A guinada decisiva aconteceu quando cursava a universidade, onde um horizonte de possibilidades se abriu para ele por conta da arte. Neste período, se dedicou à street arte e a ofereceu oficinas de estêncil, que serviu como gênese para o estudo das ores. Ele passou pela pintura a óleo até chegar à pintura acrílica.
“Descobri que a arte poderia oferecer a subversão e o enfrentamento com o real. Eu comprei essa briga. Neste período, descobri a minha identidade como artista e pude moldar meu estilo. A dialética entre o artista e o olhar do espectador é fundamental”, afirma.


O deserto


Influenciado pela arte do Realismo Espontâneo, criado pelo artista austríaco Voka, e a fluidez do pintor americano Jackson Pollock, Weber conseguiu expandir o seu processo de criação com a pandemia. O isolamento e o rompimento de um relacionamento amoroso permitirem que ele criasse uma rotina de trabalho. “O treino diário amadureceu o meu trabalho. Isso também abriu portas para minha relação com as mídias sociais, onde pude divulgar os meus quadros”, diz.

Para o artista Weber Souza, pintura é uma atividade que exige sensibilidade, paciência e contemplação para ver detalhes, cores e traços.

Weber tem quadros comprados em vários estados brasileiros, graças às mídias sociais, como São Paulo, Brasília e Rio Grande do Sul. “Os meus quadros definem o meu estado interior, pois as paletas das cores expressam um momento específico. A estagnação precisa ser rompida através do olhar e do sentimento”, enfatiza.
“A função do artista é egoísta, pois ele afirma o seu ‘eu’. Esse caminhar é a minha identidade, é o que me prende na arte. O trabalho concluído é sempre doloroso. É uma relação de amor e ódio. No entanto, entregar a obra é algo maravilhoso. É bom ver o brilho nos olhos das pessoas ao entregar um quadro meu. Quero deixar uma marca nas pessoas”, completa.


Posteridade


Weber diz que Lavras sempre foi uma grande inspiração para compor o seu trabalho. “Há uma simplicidade nas pessoas e nas suas relações. A resposta do mineiro é mais positiva e calorosa do que em outras culturas”. Ele prepara a construção de um website sobre seu trabalho e também uma exposição individual na capital paulista.

“A arte é a extensão do amor. Por isso, toda a arte é atemporal”, afirma o pintor.

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Weber Souza
webersouza.com . @webersouza.art

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