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Elogio e Reconhecimento: Uma reflexão sobre a diferença entre narcisismo e autoestima

Dias atrás, numa fila de supermercado, no cotidiano rotineiro de um sábado pela manhã, um senhor me aborda, um avô que conta casos de seu neto. No decorrer da conversa, fala da APAE para mim, e diz: vocês cresceram tanto!

Saí do supermercado e a frase dele não saiu de minha cabeça, como algo que me pegou de surpresa. E não fez passagem porque tinha uma mensagem que eu não conseguia apreender. E eu me perguntava, por que esta frase, tão comum e tão pequena, se tornava uma presença tão instigante?

Não há novidade na afirmativa do avô de que “vocês cresceram tanto” (no plural, implicando, portanto, toda a equipe da APAE), a frase encerra uma afirmativa, visível, está para todos verem e, talvez, reconhecerem. A APAE cresceu tanto, é uma verdade indiscutível, mas aí nesta expressão há algo mais do que uma afirmação, há um reconhecimento, um testemunho admirado, que ao expressar a admiração do que fala, provoca orgulho no que escuta.

Então neste momento, onde se cruzam o que diz o observador e o que escuta o ouvidor, pude, na perplexidade provocada pela simples expressão daquele avô, numa prosaica fila de supermercado, perceber a diferença entre um elogio e um reconhecimento.

Não há aqui um paradoxo, mas há uma diferença, fundamental e distintiva, pois permite que a sedução muito presente num elogio seja distinta de uma admiração justa presente no reconhecimento.

E mais ainda, pois se o elogio nomeia e envaidece, deixando o elogiado como um narciso refém de sua paixão (por si mesmo), o reconhecimento apenas (re)conhece, identifica, reafirmando o valor do que se conseguiu, a importância do papel do bem-sucedido e a legitimidade do que foi feito.

Se o elogio é um convite ao silêncio, a uma cumplicidade, provocando às vezes compromisso de retribuição ou mesmo uma interrogação, o reconhecimento dispõe um suporte, é um estímulo à ação, mas também gera um compromisso, um outro, bem diferente do anterior, pois implica no compromisso de continuar a fazer aquilo que se acredita e que cabe ser feito.

Agora compreendo numa dimensão maior a expressão “vocês cresceram tanto” dito por aquele avô, pois apontou com sua palavra o ganho de autoestima para cada um que tem participado da transformação da APAE em sua trajetória, pelo reconhecimento desta evolução histórica, tornando-se então num dispositivo de mobilização e de motivação neste percurso transformador, portanto, muito diferente de ser apenas um elogio, que como uma apologia ao narcisismo resulta numa volta sobre si mesmo.

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